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Eventos​

#1.

Catarina Alves Costa

27 de Março, 16h, FCSH, Sala 303 (Torre A, Piso 3)

Comentário de José Neves

 

FILMAR O PAÍS NO VERÃO DE 1970

OS FILMES DO ARQUIVO DE FILME CIENTÍFICO DE GOTTINGEN

O arquivo de filmes do Centro de Estudos de Enologia constitui-se como um conjunto de registos visuais que acompanhavam de modo não sistemático e aleatório incursões ao terreno, pesquisas comparativas e extensas, ou recolhas de objectos feitas pelos etnólogos. No entanto, o conjunto de filmes feitos em colaboração com os alemães que vieram, em missão de urgência, filmar o país no Verão de 1970, apesar de reflectirem as mesmas temáticas e a mesma abordagem, seriam rodados numa campanha intensiva, organizada previamente. Em vinte dias, durante o Verão de 1970, Benjamim Pereira e Ernesto Veiga Oliveira organizaram e acompanharam intensamente a rodagem de 14 documentários - em película de cor e som síncrono - que decorreram em Trás-os-Montes, do Barroso à Serra Minhota, no Litoral, Beira e Alentejo.

 

Para consultar a tese "Camponeses do Cinema": http://run.unl.pt/handle/10362/8177

 

Catarina Alves Costa licenciou-se em Antropologia Social no ISCTE, fez mestrado MA (Econ) no Granada Center for Visual Anthropology, Univ. Manchester e Doutoramento na Universidade Nova de Lisboa. Professora Auxiliar na F.C.S.H - UNL, onde Coordena oMestrado em Antropologia- Culturas Visuais. Entre 1995-2000 foi Técnica Superior no Museu Nacional de Etnologia, de onde saiu para se dedicar ao cinema. É realizadora e produtora sediada na Laranja Azul, Lisboa. Da sua filmografia fazem parte: Regresso à Terra.(1992), Senhora Aparecida (1994), Swagatam (1998), O Arquitecto e a Cidade Velha, Nacional 206 (2008), O desejo do saber (2011). Participa regularmente dos júris de selecção de festivais de filme etnográfico, entre outros na Alemanha (Gottingen), Sardenha (Nuoro) e no Brasil (Recife). Realiza Seminários e Conferências nas àreas da Antropologia Visual e Documentário. Ensina ainda em Portugal no Doc Nomads, Mestrado Internacional de Documentário, no Lisbon Docs, Forum Internacional de Produção, e em Espanha, no Master en Antropologia Visual - Cine y Antropologia da Universidade Barcelona.

#2.

José Filipe Costa

24 de ABRIL, 16h, FCSH, Sala 1.06 (Edifício ID, Piso 1)

Comentário de Sofia Sampaio

 

LINHA VERMELHA: PROCESSOS DE TRABALHO

O filme Torre Bela (1977) de Thomas Harlan é um locus de renegociação da memória do PREC. Ao revisitá-lo, Linha Vermelha (2011), de José Filipe Costa insere-se neste fluxo de rememoração e de re-significação das imagens que fizeram a história da Torre Bela.

 

Nesta sessão, daremos conta do processo de produção do filme Linha Vermelha, desde a fase de pesquisa até à montagem final : porque foi escolhido um determinado ângulo para tratar o filme de Harlan? Qual a relação entre as imagens do Torre Bela e a produção da memória sobre aquela experiência? De que maneira fazer um filme, seja o Torre Bela ou o Linha Vermelha são formas de “provocar” a história? Como é que estas questões se ligam à crise da representação documental é a ideia da imagem como prova histórica?

 

A apresentação será feita com base em clips do filme e de materiais inéditos, como fotos de um arquivo de um ex-cooperador e sons captados pelo operador de som de Harlan.

 

 

“Os traumas históricos que não estamos prontos a enfrentar continuam a assombrar-nos ainda com mais força. Devemos portanto aceitar este paradoxo: o verdadeiro esquecimento de um acontecimento deve começar pela sua rememoração”

(Slavoj Zizek)

#3.

Rodrigo Lacerda

29 de MAIO, 16h, FCSH, Sala 0.07 (Edifício ID, Piso 0)

Comentário de Margarida Medeiros

 

O TEATRO DA MEMÓRIA DA MORTE: O CORPO, A IMAGEM E O TEXTO NO FUNERAL DE ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR

Nas sociedades contemporâneas, a morte é um assunto privado e essencialmente relevante para a família e amigos mais próximos. Contudo, a morte de pessoas que, devido à sua vida ou falecimento, são consideradas pelo Estado, população e media como simbolicamente importantes, tendem a transformar-se em eventos mediáticos saturados em imagens. Alguns exemplos recentes são Princesa Diana, Amália Rodrigues, Jonas Savimbi, Saddam Hussein, Hugo Chávez, Nelson Mandela e Eusébio.

Num primeiro momento, pretende-se reflectir sobre as relações e paralelismos entre corpo e representação visual nestes eventos e o seu impacto na memória colectiva de uma comunidade imaginada. Num segundo momento, analisa-se a conexão entre imagem e texto na cobertura jornalística do funeral de António de Oliveira Salazar, no sentido de inquirir sobre a reprodução da mitologia poliédrica do Estado Novo, a agencialidade dos vários elementos envolvidos e a relação com a realidade social e política de Portugal em 1970.

 

Rodrigo Lacerda nasceu em Coimbra em 1979. Estudou Cinema e Televisão na London Metropolitan University e National Film and Television School, no Reino Unido, e obteve o Mestrado em Antropologia, especialização Culturas Visuais, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É, actualmente, doutorando em Antropologia na mesma faculdade. Co-realizou, com Rita Alcaire, os documentários Filhos do Tédio (2006), O Pessoal do Pico Toma Conta Disso (2010), Filarmónicas da Ilha Preta (2011) e, em co-produção com a RTP, Das 9 às 5 (2011). A título individual, realizou Pelos Trilhos do Andarilho - Ao Encontro de Ernesto Veiga de Oliveira (2010; produção GEFAC) e Thierry (2012).

#4.

Catarina Laranjeiro

27 de JUNHO, 16h, FCSH, Sala 0.06 (Edifício ID, Piso 0)

Comentário de Nuno Domingos

 

O SILÊNCIO DAS IMAGENS ou PODE A PAISAGEM FALAR?

Propus-me a analisar a memória da guerra de libertação na Guiné-Bissau como trabalho de arqueologia (Benjamin, 1984), escavando repetidamente nos fragmentos do passado e colocando numa mesma linha de montagem histórica (ibidem) as memórias de pessoas que nesta guerra participaram no movimento de libertação, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC).. As fotografias surgiram-me como o meio mais pertinente para a analise de memórias, na medida em que se é certo que as fotografias congelam um determinado passado, elas não o prendem; em vez disso, possibilitam ao leitor a imaginação de possíveis futuros para esse passado. Contudo, dado que a transição para a independência e construção da paz tem sido um processo difícil e traumático, sobre o qual persistem tabus, a representação deste passado revela a coexistência de versões conflituais que servem diferentes propósitos e interesses. Por isso a análise de fotografias não foi suficiente para resolver as questões que me coloquei. E foi assim, que decidi visitar os lugares históricos da guerra e descobrir que meios de memória ou formas de garantir a perpetuação da memória da guerra existem hoje na paisagem na Guiné-Bissau. E descobri como a paisagem se molda à memória.

 

Catarina Laranjeiro (1983) é doutoranda em pós-colonialismo e Cidadania Global no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. A sua tese foca nos modos de silenciamento e de salvaguardar da memória da guerra de libertação/colonial. É licenciada em Psicologia pela Universidade de Lisboa e mestre em Antropologia Visual e dos Media pela Universidade Livre de Berlim. Trabalhou em diferentes associações de imigrantes em Portugal e em Educação para o Desenvolvimento na Guiné-Bissau. Desde 2010 que se dedica a projetos de criação/ investigação que cruzem a arte e a antropologia. Co-realizou o

documentário “Eu Sou da Mouraria ou Sete Maneiras de Contar e

Guardar Histórias” (2011) e  realizou o documentário “Pabia di Aos” (2013). Expõe individual e colectivamente desde 2008. 

OHI

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